sexta-feira, abril 06, 2012

Em meio a todas as muitas divisões interna e capítulos, a narrativa que Droysen dedicou às ideias de Alexandre na relação com Aristóteles é digna de nota.


Alexandre o Grande: o monumento de Droysen ao conquistador macedônio

                                                      
DROYSEN, Johann Gustav. Alexandre o Grande. Tradução: Trad. Regina Schöpke; Mauro Baladi. Editora: Contraponto, 2010.


Se verdade que o nome de Alexandre o Grande (356-326 a.C.) dispensa qualquer tipo de apresentação, é preciso dizer que isso se deve não apenas aos seus feitos heróicos, mas, também, às narrativas destes fatos. As histórias de Alexandre contadas desde Plutarco sempre despertaram o interesse de todos os públicos. Sua juventude, impetuosidade e qualidades de estrategista são motivos mais que suficientes para explicar a atenção estudiosa que o tema recebe. Diante disso, em meio à longa tradição de recepção e crítica da história daquele herói, encontramos algumas obras que possuem especial relevo por seu conteúdo revelador. Referimo-nos a obra Alexandre o Grande, de Johann Gustav Droysen (1808-1884),  em recente e apreciável tradução para o português.
Alexandre o Grande é a primeira obra de historiografia do historiador e filósofo alemão publicada em nosso país. Obra com mais de quinhentas páginas, encontramos ali uma síntese que bem situa aspectos políticos e militares relativos à unificação da Grécia, da ascensão e queda do Império Persa e à origem e consolidação da monarquia macedônia.
Em meio a todas as muitas divisões interna e capítulos, a narrativa que Droysen dedicou às ideias de Alexandre na relação com Aristóteles é digna de nota. No referido tópico, ainda que com poucos subsídios, Droysen reconstrói uma interpretação histórica tão detalhada quanto possível do modo com que aquele grande líder pensava. Em tal ideário, a prosperidade do império, as reformas administrativas e a vida científica e social (nessa última: a universalização do estilo helênico, a transformação dos povos asiáticos e a evolução dos macedônios) eram pontos abordados.
Antes disso, contudo, nosso biógrafo traça um paralelo plausível entre aspectos intelectuais e morais da filosofia de Alexandre e a obra política de Aristóteles, seu preceptor. Paralelismo que se ilustra com a seguinte passagem do livro: “A ação era para Alexandre aquilo que o pensamento era para Aristóteles. Porém, se o filósofo, entrincheirado em um silêncio propício à meditação, podia dar ao seu sistema metafísico a perfeição e o rigor que só pertenciam às ideias, Alexandre era forçado a agir em meio a um turbilhão de acontecimentos e de relações imprevistas que obrigavam a tomar decisões imediatas” (p.471). Com esse argumento, Droysen nos permite entrever porque aquele herói fazia jus ao epíteto de o grande; do mesmo modo, é por formulações como essas que Alexandre o Grande continua a ser uma fonte útil ao estudo do tema, mesmo levando em conta as correções e mudanças de perspectiva introduzidas pela bibliografia mais recente.

  Johann Gustav Droysen (1808-1884), filósofo da história e historiador que conquistou distinção na Alemanha do século XIX ao oferecer resistência aos influxos que a filosofia positiva, com Buckle e Taine, exerciam sobre o pensamento europeu. Droysen integra uma nova geração de pensadores da história conhecida como o novo realismo político. O pensador foi considerado um dos principais representantes da historiografia na Alemanha, isso porque seus métodos e procedimentos renderam qualificação à moderna história alemã, o que faz com que o autor se veja associado àquilo que ficou conhecido como “escola prussiana”. A dedicação aos estudos de história antiga fez com que o autor adquirisse reconhecimento precoce com a publicação, em 1833, de A história de Alexandre o grade (Geschichte Alexanders der Grossen, como reza o título original). Publicada quando o autor possuía apenas 25 anos de idade, esta é considerada por muitos seu magnum opus, fazendo com que ele ficasse conhecido como o descobridor da história do helenismo.

2 comentários:

  1. Salve Roberto Kahlmeyer Mertens! Esse rapaz é
    uma esperança para as letras, é uma presença marcante em qualqeur evento cultural. Roberto é um agregador!!!!!!!!!!!!!!
    Sou sua adm iradora incondicional.
    B elvedere

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  2. Roberto,
    Faça minhas as palavras da Belvedere,
    e sinto-me muitíssimo feliz por você aqui
    conosco,
    abraços,
    admiração enorme,
    Eliana Crivellari

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